quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um outro dia...

O que realmente é verdade nas coisas que dizemos quando estamos a um ponto de chorar?

Talvez um dia eu realmente entenda que a vida é muito mais do que uma simples seqüência de dias. Sim. Somos uma junção de infinitas probabilidades e raríssimas razões, que sabiamente misturadas são capazes de nos fazer agir de formas tão complexas que por fim não conseguimos sequer nos definirmos.

Por diversas vezes chorei sozinho, muitas elas eu sequer sabia o real motivo de tê-las escorrendo sobre minha face, outras eu amargava a tristeza de não ter com quem compartilhá-las. Entre amigos eu ria, ainda faço, e ao mesmo tempo em que minhas gargalhadas eram apreciadas meu choro sufocava e gritava por querer sair, eu pensava: “segura elas, afinal você é forte, e ninguém te pode ver chorar”.

Um pingo d’água só incomoda quando outros correm atrás... Entope as narinas, molha as fronhas, e torna a noite maior.

É hora de falar a verdade, eu nem sempre estou feliz. Mantenha as luzes acessas, chamem todos, hoje eu realmente não quero estar só. “Mas será que todos vão gostar de mim quando perceberem que não estou sorrindo?”. Não existem verdades ocultas quando escondo minhas tristezas, apenas a vergonha de chorar repetidas vezes pela mesma dor.

(Um outro dia - Leonardo Kifer)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O tempo...

Falaram-me uma vez que o tempo é o melhor dos remédios, e que não há dor que ele não posso fazer cessar. No dia em que ouvi isso, achei que fosse mais uma destas frases prontas, que confortam os outros, mas que a mim não surtiria efeito.

Muitas vezes chorei e achei que o motivo do meu pranto jamais deixaria de existir... E de novo ouvi falar que o tempo curaria as feridas abertas.

Às vezes por mais incrédulos que sejamos, precisamos deixar o orgulho de lado, e aceitar a ajuda de quem nos estende as mãos, receber o abraço, e deixar o tempo mudar de novo nossas vidas...

Inquietude da Solidão...

Algumas vezes me pergunto o porquê de me sentir tão só, e é estranho não achar resposta para me aquietar... Faltam recortes de momentos, percebo nos espaços brancos em que vivi.

Tenho um monte de pessoas me cercando, e cruelmente me defendo de todas ignorando-as. Estar só vez ou outra é uma condição de escolha própria, outras é uma conseqüência de todo que já escolhi.

A solidão nem sempre me fere, pois é quando estou só que realmente me vejo como sou. O espelho parece refletir apenas para mim, pois aos olhos alheios sou uma figura distinta, quase imaginária. Um monstro que muitas vezes vira o mocinho, mas quase sempre se mantém monstro.

O amor parece destoar em meus ouvidos, e deixo passar algumas pessoas que poderiam ter ficado eternizadas em minha vida, e agora apenas são marcas, cicatrizes, quase que imperceptíveis se não fossem as dores que jamais as deixam esquecidas.

Por fim, não me culpo. Tento mudar diariamente minha situação solitária de ser humano, de ter nascido, de me sentir, amadurecer só, e tantas outras coisas que me acontecem e Intrigantemente sou apenas eu. Um homem só.

(Inquietude da solidão – Leonardo Kifer)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Abrindo a alma!

E de repente o fim. E depois dele uma vida remendada, um pano cortado, e transformado em continuação.

Perder um amor, um alguém que sempre esteve por perto, e de uma hora para outra partiu sem ao menos dizer adeus. Amar a quem não se tem mais, ir além da dor e reconhecer que um sonho acabou. Usar palavras e não formar frases, partir o incondicional dos mais puros afetos, e no escuro deixar cair as lágrimas que os novos dias não permitem escorrer.

Difícil demais entender que amamos alguém que temos sempre ao nosso lado, e a vida sem explicar nos tira o direito de ter.

É confuso dizer eu te amo ao vento, lembrar de flores, abraços e ao fundo palavras confortantes que não confortam ninguém;

Um quebra-cabeça, inspirado no desejo de ser eterno, mas depois de pronto só restam lembranças do longo tempo que demoramos em juntar as peças.

Sobraram fotos, peças, histórias... Mas faltam conversas, carinhos, olhares...

Ainda lembro-me da voz, nítida, viva em meus ouvidos, e a repudia que eu sentia em levar outra bronca desnecessária, afinal eu já não sou mais a criança que ele criou.

Uma vida imperfeita, mas tão perfeita que choro ao pensar que acabou.

Saudades do barulho da TV e de tudo que me incomodava e eu não parava de reclamar, que falta dolorosa que meu pai me fez herdar.

Quantas foram às vezes que tive vontade de dizer te amo, mas só tive voz para os momentos em que quis reclamar. Não existe arrependimento, pois apesar de pouco dizer, nunca deixar o contrário ele pensar;

Ele descansa, repete minha mãe, a quem me agarro quando a saudade sufoca, e aumenta o desejo de chorar;

terça-feira, 13 de julho de 2010

Luto!

Às vezes é tão difícil falar para os nossos pais o quanto nós os amamos que ficamos sempre com a certeza de que eles sabem disso, e o “não falar” é confortado por esta sensação de redundância que os filhos sentem em relação à certeza dos pais do amor natural que existe entre pais e filhos.


Eu não fui muito de gritar aos ventos e principalmente falar ao meu pai que eu o amava infinitamente, sempre tive mais acesso e intimidade com a minha mãe, talvez a “distância” sempre imposta pela altivez dele me impedisse de falar mais vezes o quanto eu o amo (ainda é difícil usar o tempo verbal correto).

Cresci sem nunca ter me faltado nada, talvez faltasse mais momentos entre pai e filho, mas eu não cobrava isso, era o jeito dele e cabia a eu respeitar; É ele faleceu hoje... Dói muito, esta doendo muito.

Eu não consegui dizer por uma última vez que eu o amava, ele saiu domingo de casa para ir ao hospital, e quando eu fui ao seu encontro ela já não estava mais consciente... Meu último contato com aquele homem sempre imponente foi quando eu o ajudava entrar no carro, mas de verdade, não achei que estivesse me despedindo.

É tão estranho não tê-lo por perto, tão cruelmente tortuoso saber que não o terei de novo ao meu lado, que as lágrimas escorrem dos meus olhos como lâminas afiadas, e parecem marcar por dentro o que por fora não se pode ver.

Sentir saudades de alguém que ainda pouco estava comigo, amar incondicionalmente que se foi, e ter como resposta a chuva, e um nada depois.

Entender que o eterno pode se prender em lembranças é tão complicado e inseguro, que nada parece nos querer acalmar.

Como não dizer que TE AMO pai?

sábado, 3 de julho de 2010

Inquisição!

Um livro fechado... Mais à frente pedaços de folhas picados, folhas em branco. Algumas pontas de lápis, outra folha, um poema.

Amor, lágrimas, brigas e desejo, a cada linha um novo substantivo, um sentimento, sem rima, sem credo, sem vida.

Na cama, jogado, encontro fotos, uma história inteira perdida no passado. Ligo o som, Adriana Calcanhoto não me faz chorar, mas me aperta o estomago a medida que surgem as lembranças.

Vou embora, largar tudo de novo. Deixar a morte sozinha e me refrescar na sobrevida que sobra.

Afinal amar é tão difícil quando se esta só, que lutar é apenas uma forma de suicídio.

(Alguma coisa de amor – Leonardo Kifer)