quinta-feira, 22 de julho de 2010

Inquietude da Solidão...

Algumas vezes me pergunto o porquê de me sentir tão só, e é estranho não achar resposta para me aquietar... Faltam recortes de momentos, percebo nos espaços brancos em que vivi.

Tenho um monte de pessoas me cercando, e cruelmente me defendo de todas ignorando-as. Estar só vez ou outra é uma condição de escolha própria, outras é uma conseqüência de todo que já escolhi.

A solidão nem sempre me fere, pois é quando estou só que realmente me vejo como sou. O espelho parece refletir apenas para mim, pois aos olhos alheios sou uma figura distinta, quase imaginária. Um monstro que muitas vezes vira o mocinho, mas quase sempre se mantém monstro.

O amor parece destoar em meus ouvidos, e deixo passar algumas pessoas que poderiam ter ficado eternizadas em minha vida, e agora apenas são marcas, cicatrizes, quase que imperceptíveis se não fossem as dores que jamais as deixam esquecidas.

Por fim, não me culpo. Tento mudar diariamente minha situação solitária de ser humano, de ter nascido, de me sentir, amadurecer só, e tantas outras coisas que me acontecem e Intrigantemente sou apenas eu. Um homem só.

(Inquietude da solidão – Leonardo Kifer)

Um comentário:

  1. A UM AUSENTE

    Tenho razão de sentir saudade,
    tenho razão de te acusar.
    Houve um pacto implícito que rompeste
    e sem te despedires foste embora.
    Detonaste o pacto.
    Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
    de viver e explorar os rumos de obscuridade
    sem prazo sem consulta sem provocação
    até o limite das folhas caídas na hora de cair.

    Antecipaste a hora.
    Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
    Que poderias ter feito de mais grave
    do que o ato sem continuação, o ato em si,
    o ato que não ousamos nem sabemos ousar
    porque depois dele não há nada?

    Tenho razão para sentir saudade de ti,
    de nossa convivência em falas camaradas,
    simples apertar de mãos, nem isso, voz
    modulando sílabas conhecidas e banais
    que eram sempre certeza e segurança.

    Sim, tenho saudades.
    Sim, acuso-te porque fizeste
    o não previsto nas leis da amizade e da natureza
    nem nos deixaste sequer o direito de indagar
    porque o fizeste, porque te foste

    Carlos Drummond de Andrade

    BJO!

    Zil

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