segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Garoa

Ontem o vento me trouxe um segredo,
Havia a possibilidade de uma separação,
Eu estranhei,
Achei precipitado,
Mas sem muitas vírgulas, ele disse não.

Hoje o segredo se desfez,
Muitos da noticia já compartilham,
E os demais em breve saberão...
Já não se namoram mais a chuva e o vento,
O bonito namoro teve um prematuro fim...

É estranho começar a pensar no amanhã sem a cumplicidade dos dois,
Mas ao que sabemos uma das partes disse da amizade continuar,
Espero que ao menos a infinidade,
Aquela tão bonita,
Que sempre fez o vento correr para o cheiro de chuva levar.



(Garoa – Leonardo Kifer)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Reflexos do medo.

Tem dias que é impossível não sentir medo do escuro,
Querer encontrar um lugar seguro,
E simplesmente se aquietar.

Não é a falta de luz que causa tal medo,
É o vazio de ser,
O inseguro do estar,
E a inconstância do por vir...

As lágrimas são presentes,
Escorrem pelo rosto deixando marcas,
E misturam-se ao sangue da pele que corta.

Que medo é esse que ainda permite o sonho?
Que lugar é esse que estou senão dentro de mim?
E por que o escuro é repleto de cores?
Não tem respostas ao longo do caminho,
Apenas espinhos e arranhões.

Medo não do que sou,
E sim de como me vêem.
Pois sou além do que mostro,
Sou o que sinto,
E por agora, além de amor, eu sou medo.

(Reflexos do medo – Leonardo Kifer)

Dia de chuva

Talvez a chuva que lava a manhã carioca não seja tão cinza e triste como parece,
Por trás de toda sua frieza pode contar muito mais do que gotas d’águas,
Quem sabe não exista esperança,
Ainda que com ela haja quase sempre destruição...

Particularmente prefiro a chuva,
Muitas vezes ela é mais confiável do que um belo dia de sol, que esconde em seu calor uma aversão aos que dele gostam... O sol também pode matar.

Mas voltemos a falar da chuva,
Que cai lá fora,
E refresca todo o interior da casa...

Eu não me levantei para vê-la,
Mas dentro de mim existe também a chuva,
E é possível senti-la presente,
Porque não só abaixa-se a temperatura,
Mas o cheiro do encontro dela e da rua,
Não acontece sem que ela venha nos ver.

Bolinho de chuva,
Sopa de ervilha,
Chocolate quente ao anoitecer...

Que sejamos um pouco de chuva,
Num continuo trabalho de modificação,
Evaporemos do mar,
Formemos nuvens,
E só depois nos deixamos ser gotas de chuva.

(Chuva em mim – Leonardo Kifer)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Antes que tenha fim

Antes que o mundo acabe,
Preciso encontrar forças para seguir em frente,
Retirar todas as máscaras que me protegem dos olhares desconhecidos,
E proteger meus ouvidos das vozes que me julgam à distância.

Antes do fim do mundo,
Eu preciso ter um amanhã calmo, feliz.
Talvez assim eu pudesse partir sem medo,
E assim não correria o perigo de olhar para trás.

Antes do mundo ter fim,
Nada de tristezas, somente festas...
Que não existam guerras,
Torne-se o tempo da paz.

Antes do fim, o mundo.
Pessoas, amores, futuro e mais.

(Antes que tenha fim – Leonardo Kifer)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

De volta ao blog.

Ainda cedo pensei em partir, Deixar para trás meus sonhos,
Meu passado,
E iniciar uma nova história...

Mas é difícil mudar quando se está preso a fortes raízes,
Lembranças e sentimentos.
Talvez por isso eu tenha ficado.
Ficar quando se quer partir é agonizante,
Sufoca, deprime.

Não partir é me fazer raiz,
Quando na minha realidade deveria me tornar folha,
Caindo com o outono,
Transformando-me em variações até finalmente me tornar adubo.

É o medo que me mantém,
E por ele é que abdico de muitas possibilidades de ser,
E fico preso em um “estar” que não me move.
Talvez tenha que deixar o vento me mover,
E de novo me sentir folha,
Voando sem rumo,
Sem medo do por vir.

(Prisão de mim – Leonardo Kifer)

*Agradeço a Isabella Telles por me motivar a voltar escrever aqui.