domingo, 19 de setembro de 2010

Co-existência

Aí quem me dera se por um único dia eu pudesse esquecer-se dos momentos em que chorei, e me enganar por não viver tudo o que vivi...

De imediato não teria lembranças dos amores que vivi, pois chorei por grande parte das vezes em que amei. Amar sempre me foi intenso, jamais amei pela metade, um jurei sem realmente ter certeza do que sentia... E me doeu, o “adeus” que ouvi, dos outros e os que eu mesmo pronunciei...

Não lembrar as minhas lágrimas me faria pensar que os que a saudade é uma sensação vazia, pois estaria ainda próximo de todos que deste mundo se foram, e do colo da minha avó, as visitas esporádicas da minha tia eu teria o mais precioso de tudo o que a vida me tirou, o abraço “frio” e desconsertado do meu pai.

Não teria medo, pois até o mais covardes dos sentimentos faz um homem chorar... Seria o mais corajoso de todos, e faria tudo que por dúvida e insegurança renunciei... Não haveria arrependimentos, restaria apenas o orgulho de ceder aos obstáculos.

Se de repente esse dia chegasse, e neste dia só as alegrias fossem reais, eu seria mentira, não teria passado, seria finito em minhas lembranças, não teria histórias e por fim, me faltariam os aprendizados que a vida me ensinou. Restaria apenas o sorriso, mas não teria a certeza de poder sorrir. Não me tirem às lágrimas da vida, pois preciso delas para continuar a ser quem sou.

(Co-existência – Leonardo Kifer)

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