domingo, 12 de setembro de 2010

Sem camélias, sem margaridas...

Não tinha ninguém no salão, o vazio era agonizante, o silêncio ensurdecedor, Margarida sempre estivera certa, não sobrariam mais amigos quando a morte fosse dada como certa. Dos amigos apenas Prudência permaneceu por perto, não fechou suas janelas um dia sequer, atendeu a todas as vontades de Margarida, sem questionar nenhuma.
Dói o frio que sinto longe do olhar quente e intenso que me aquecia a alma, e alimentava diariamente minha paixão.

Era eterno, ou devia ser, casamos em um dia de chuva. Paris estava coberta de água e eu de amor, e apesar do preconceito daqueles que achavam maluquice minha casar com uma mulher doente, condenada a morte, eu fui feliz.

Estranho achar felicidade em curtos dias. Não completamos um mês, ela não suportou a mais um inverno e cedeu covardemente a tuberculose que por tantos anos ignorou.

Não existem Duques ou Barões quando se escolhe o amor, não! Existem homens que não aceitam lidar com a perda de uma bela mulher. O ciúme é fatal, apesar de não matar. Margarida apesar de odiada, foi amada não só por mim, também por quem a odiou.

Tarde demais eu diria, mas não tem ninguém além de mim. Além de mim, apenas o que sobrou...

(Após a morte da Dama das Camélias – Leonardo Kifer)

2 comentários:

  1. O mito central de A Dama das Camélias "não é o amor, é o reconhecimento: a Dama, Marguerite, ama para ser reconhecida"

    “Assassina a paixão de Armand”, para eternamente ter o reconhecimento do mundo dos senhores.

    NÃO SEI SE ENTENDI BEM O SEU TEXTO....

    BJO!

    Zil

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  2. Oi Leonardo...interessante...eu não conhecia esta parte da história....mas encontrei a primeira peça que foi encenada no Brasil....

    Gostei da sua visita...apareça mais...

    bjos moço querido!

    Zil

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