terça-feira, 24 de novembro de 2009

Última chance...

Cafajeste! - Foi o a única coisa que ela disse quando eu a informei que estava indo embora.
O silêncio quase nunca me foi incomodo, mas desta vez veio como uma bofetada na cara.
Eu fiquei encarando os olhos lagrimejados de Marta por minutos, mas eles não me olharam uma única vez. Após romper a quietude em que nos envolvíamos, ela me deu de costas, e simplesmente se foi.
Lembro-me de ter ficado imóvel até o fim da tarde, e de ter me surpreendo por não chorar, por não fazê-la ficar e ouvir minhas explicações, afinal eu tinha tanto a dizer, não queria partir sabendo que Marta estava com ódio de mim, não foi assim que eu havia planejado minha partida, esperava que ela me ouvisse, e só então entendesse meus motivos e os aceitasse.
Só voltei a ter noticia de Marta três anos depois, eu havia voltado ao Rio, e encontrei uma antiga amiga, que entre uma conversa e outra deixou escapar que Marta havia se casado logo após minha ida para Porto Alegre, e que tinha um filinho com um pouco mais de dois anos. Eu estava noivo, mas ainda sim me abalou muito saber que a mulher que muito amei estava casada e era mãe, era egoísmo meu me sentir assim em relação à felicidade dela, ainda sim eu não conseguia me sentir feliz.
Casei-me com Julia um ano depois, escolhi o Rio de Janeiro como cenário de minha Lua de mel. Aproveitei minha estadia na cidade maravilhosa para rever velhos amigos e alguns parentes que ainda moravam na cidade. Inevitavelmente me peguei pensando em como Marta estaria, e sem perceber estava ansioso por informações dela. Aproveitando que havia resolvido dormir durante a tarde por conta de uma inesperada dor de cabeça, fui à casa de Dona Dora, mãe de Marta, com o pretexto de que estaria próximo e aproveitara pra saber como minha ex-sogra estava. Assim mais uma vez tive noticias de Marta.
E desde então eu nunca mais soube nada sobre Marta, até que ontem, fui informado de que ela havia sofrido um acidente de carro, e não resistiu aos ferimentos, faleceu antes mesmo de receber os primeiros socorros.
A noticia chegou a mim de uma forma tão abrupta que demorei a assimilar que havia perdido a mulher que um dia amei de uma forma tão inesperada e dolorosa, que na hora só pude pensar em voltar ao Rio e olhar uma última vez para Marta, e dizer o que não tive coragem em todos estes anos, que ainda a Amo, e que a amei por todos estes anos, só nunca tive a coragem de assumir.
Nunca imaginei que depois de tanto tempo eu fosse reencontrá-la deste modo, me doeu muito vê-la em um caixão, uma sensação desesperadora me sufocou, e quando dei por mim estava revivendo aquela tarde em que eu me despedia de Marta, e quando o silêncio estava para ser rompido novamente eu a segurei e não a deixei partir, disse que ela deveria ir comigo para Porto Alegre, e disse que ela era a mulher da minha vida, que eu a amava mais do que um dia sonhei amar alguém.

Acordei assustado demais... Tudo fora um sonho. Aí de casa feito um louco, corri até a casa de Marta, e na frente da janela de seu quarto eu ajoelhei, e aos prantos declarei o meu amor, com toda a certeza de que jamais irei deixar para dizer que amo alguém quando não mais tiver a oportunidade.

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