quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010!i!i!

Amigos,

Para muitos este é só mais um ano que passamos juntos, mais 12 meses de cumplicidade e companheirismo, mas sabemos que a vida por si só se encarrega de constantemente nos apresentar a novas pessoas, e assim estamos sempre somando novas amizades.

E é pensando nos velhos e nos novos amigos, que resolvi escrever o texto, buscando agradecer a amizade de todos, ainda que eu acredite que não exista uma forma possível de tal gesto.

Aos velhos,
Fica a gratidão dos muitos anos passados juntos,
De todas as risadas com gosto de peraltices,
Dos conselhos dados (ainda que não seguidos),
Das cervejas de sexta-feira à noite (que sempre se estende até o domingo).
As noitadas que já tivemos,
E também aos que saímos,
Independente do tempo que nos conhecemos,
Da freqüência que ainda nos vemos,
Tem coisas que o tempo não leva,
Suporta a saudade,
E jamais deixará de ser infinito.

Aos novos,
Que bom foi tê-los conhecido,
Chamem de acaso, coloquem culpa no destino,
Não há o que explicar,
Afinidade não é algo a se moldar,
Seguimos em frente,
Sem pensar aonde chegar,
Que venham gargalhadas,
Momentos memoráveis,
E muitas histórias para contar.

Velhos e novos,
Não importa,
Uma vez que acontece,
Só existe uma definição para dar.

(Amigos – Leonardo Kifer)

Desejo a todos um ano de 2010 perfeito!
Que não falte saúde, amor, risadas, conquistas e realizações e principalmente, que nos enriqueçamos de humildade e humanidade para com o nosso próximo, sem nenhum tipo de distinção.

Feliz Ano Novo para vocês!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Último de 2010¿?¿?

Aí... Aí... O ano vai chegando ao fim, falta tão pouco para a virada que o sentimento de nostalgia torna-se inevitável, Impossível não pensar nas coisas vividas ao longo desses doze meses.

Quantas foram às pessoas que passaram por nossas vidas? E quantas delas ainda lembramos com exatidão? Amores, decepções, conquistas e outros tantos sentimentos e motivações nos preencheram, e nos acrescentou enquanto pessoa. Nos tornamos mais capazes de lidar com perdas e mudanças inesperadas, criamos “casca”, e passamos a enfrentar o acaso com uma força que jamais esperávamos ver, afinal 4 estações são capazes de modificar até o mais imutável dos seres...

Ah... O amor que não aconteceu! Mas foi amando que naveguei por 2009, muitas vezes a remo, outras como naufrago, mas é como comandante de mim que me despeço das histórias de amores falidos que vivi... Pra 2010? Viver. Sempre viver!

A todos que passaram pelo blog, fica minha enorme satisfação em ser lido, minha gratidão por cada minuto compartilhado em minhas palavras tolas, e meus sinceros votos de felicidade. Que continuemos juntos por mais um ano, sobrevivendo a todas as intempéries... Que venham novos leitores, mas sem nunca perder aqueles que já freqüentam aqui.

Um feliz 2010!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Para onde Papai Noel vai quando termina o Natal?

Natal acabou e junto toda a preocupação de não se esquecer de presentear as pessoas mais queridas a ti nesta data tão especial para muitos. Passada a fase dos presentes restam apenas às dívidas feitas na compra dos mesmos.

Depois que terminamos de comer a última rabanada da ceia é que percebemos que o ano acabou, e o que nos restam são alguns dias para planejarmos os preparativos para a chegada do novo ano, mas para que comemorarmos a virada do dia 31 de dezembro para o dia 2 de janeiro se nada, NADA além de um inicio de outro ano acontece, e tirando os dias em que ficamos em casa por conta do feriadão (Isso quando emenda no final de semana), tudo é exatamente igual na sua vida, é como se fizéssemos uma enorme festa de aniversário, comemoramos um ano a mais de vida, que contraditoriamente também é um a menos... Mas bola pra frente, Ano Novo está aí, é hora de fazer os tradicionais pedidos de mudanças, colocar em prática as simpatias aprendidas ao longo de todo o ano e finalmente esperar que o prêmio da Mega da Virada saia em um dos muitos bolões no qual você participou.

Faltam 3 dias para 2010, e eu nem estou tão preocupado em me despedir de 2009.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

O que pedir para o papai Noel.

É véspera de Natal, momento de reavaliar se fomos bons meninos, refletirmos sobre o que precisamos melhorar e esquecer as rinchas, e os rancores e por fim esperar o bom velinho chegar com os tão esperados presentes.

Ta bom! Papai Noel não existe, eu sei. Mas é sempre bom se apegar a alguma crença para podermos ter esperança de um futuro melhor.

Este ano pedi apenas felicidade, se eu for mais feliz em 2010 do que fui no ano de 2009, vai ser maravilhoso. Aos amigos desejo toda a felicidade do mundo. Realização! É a palavra que espero que esteja reservada a todos.

Feliz Natal!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A minha doce Mariana.

Acredita em anjo? É o que perguntava a música que tocava pouco antes d'eu pegar no sono e foi impossível não dormir pensando em nela que por muito tempo teve essa canção como sendo sua.
Não me recordo de ter sonhado, mas foi dela o meu primeiro pensamento do dia. É estranho não pensar nela como antes, não desejá-la com a voracidade da qual um dia desejei e pela primeira vez não lamentar sentir sua falta.
Se o amor acabou, eu simplesmente não sei, mas já ouvi dizer que o amor pode sim acabar. E com medo de sair sem dizer adeus, resolvi escrever uma carta a Mariana, como uma despedida, ainda que precipitada de minha parte, ao sentimento que nutro ou nutri.

A carta:

Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 2009

Minha querida,

Talvez tu não entendas o porquê de eu manter o querida até mesmo o porquê de dizê-lo somente agora, mas é natural que escondamos com palavras nossos anseios mais secretos. Junto a ti descobri o lado mais puro de amar, e por muito tempo não houve nenhum outro querer de minha parte além da reciprocidade do meu amor.

Mas foi você quem me ensinou que deveria ser diferente, e me fez mudar a forma como olhava para ti, e para meu desespero, isso não aconteceu uma única vez.
Contigo aprendi que posso ser generoso com os que me ferem a alma e mesmo sangrando em lágrimas jamais me permitir sentir ódio, em todo este tempo apenas te amei, mesmo quando tu pedias para eu não amar, eu insistia, e de teimoso eu continuava lhe amando, ainda que jurava já não mais sentir amor.
Fui feliz a cada beijo dado, a cada abraço sentido, carinho inesperado, e a tudo que pude ter ao teu lado e hoje percebo que nunca foi pouco, foi apenas o que você pode me dar. Dos momentos não tão bons, vou guardar as reconciliações e o prazer que os beijos seguidos por elas me proporcionaram. Jamais irei levar de ti algo ruim.
Espero que sejas tão feliz quanto um dia desejei que tu fosses, pois é certo que tu mereces, tenhas certeza de que sempre te desejei o melhor e nunca deixei de acreditar na pessoa boa que tu és.

Irei sentir saudades da história que nunca conseguimos viver juntos,

Me despedindo do amor,

Leonardo Kifer

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Reflexões...

Pensamentos soltos,
Desconexos em meios as várias tentativas de foco.
Lembranças do que já se passou,
E de que também passou ou deveria passar.

Um ano de muitas coisas novas,
Despede-se dando oportunidade ao novo que precisa chegar.
É hora de rever os erros,
E ver o que ainda se pode acertar.

É tudo confuso,
Nesse fim de dezembro que não demora a passar.
Mas passaria por tudo novamente,
Se pudesse novamente tentar.

(Reflexões do fim de ano – Leonardo Kifer)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Gato Malhado.

O Gato malhado,
Surgiu do nada na escuridão da rua,
Não queria nada,
Além de atenção.

Carinhoso,
Ele só queria se esfregar,
Mas eu não gosto de gatos,
Ele não parecia com isso se importar.

Não adiantava expulsá-lo,
O bichano queria ficar,
Surgia debaixo do carro,
Para minhas pernas voltar alisar.

Saí gato,
Saí que vou te machucar,
Ameacei já irritado,
Mas o bicho teimava em ficar.

Cansado daquilo,
Resolvi partir,
E irritado com o gato importuno.
Saí sem dele me despedi.

(O Gato malhado – Leonardo Kifer)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Coisas de Joana

Joana chegou por vezes a lamentar a falta de um grande amor. Para ela, o amor lhe era negado, jamais seria possível viver uma história destas que vemos retratadas nas telas de cinema... Incrédula? Talvez. A vida sempre foi muito rígida com este mulher que por muitas vezes viu seus romances se desmancharem com o sobro mais sutil dos ventos que sopram no longo verão de sua vida.
Mas hoje que ela passou enxergar a vida de um outro jeito, que deixou para trás as cobranças que fazia a si mesma de ter alguém o seu lado, sua vida mudou. Ela já não escreve seus anseios, não procura olhares na noite, e não sorri para agradar ninguém... Joana descobriu que ela é quem a faz feliz, e que ter ou não ter alguém é apenas uma consequência momentânea.
E assim a mulher que antes se importava com a solidão deixou de ter medo de viver só. Mas foi justamente quando o medo se foi que ela deixou de estar só. Ela entendeu que às vezes é necessário que esqueçamos nossos medos para nos permitimos ver um mundo além das possibilidades que conhecemos, dar passos além da claridade, e deixar que a vida se encarregue do caminho em frente.

(Indo além - Leonardo Kifer)

Nariz vermelho

O palhaço.

Dizem que os palhaços causam medo a algumas pessoas,
Se é verdade eu não sei,
Sempre ouvi dizer sobre isso,
Mas nunca vi alguém que deixasse seu medo transparecer.

Sorrisos e inúmeras gargalhadas,
Com suas palhaçadas,
Eles são capazes de tirar,
Afinal para muitos eles só fazem alegrar.

Mas a mim eles causam uma estranha admiração,
Não sei o que me fascina,
Se é o seu mistério,
Ou seu jeito bobão.

Mas é desde muito pequeno,
Que vejo os palhaços,
Fazendo a todos rirem,
E chorando quando se vai a multidão.

O palhaço.
Só um homem,
Que esconde num sorriso,
Suas vontades e frustrações.

(O palhaço - Leonardo Kifer)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Desejos impossíveis

Nunca entendi o porque de sempre desejar as coisas mais improváveis, mas sempre lidei bem com meus desejos utópicos, entretanto ao que me parece fui ludibriado pelo estranho instinto de viver aos anseios inquietos e impossíveis.

De certo não se vive a realidade dos que sonham, porém, para estes que vivem, é realmente difícil de acordar.

E é em sonhos que caminho por entre as vielas mais sombrias da escuridão do amar. O desejo sempre sufocando a realidade já muito ditas nos vagões lotados das tardes quentes em que caminhei tentando não sonhar.

Amor, ódio, respeito e rancor, sentimentos contraditório formando uma miscelânea ao som da velha música que por vezes embalou minhas muitas histórias de amores falidos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Acreditar

Ainda é possível sentir o vento soprar no meu rosto – Foi o que disse Amélia pouco antes de entrar na sala de quimioterapia.

Foi em meio a um protesto no inicio da década de 80 que conheci Amélia, ela era recém formada em literatura e começa a lecionar em uma escola para moças no largo da carioca, e reivindicava por melhores salários para professores.

Eu estava ali para ajudar conter a multidão que tentava entrar no Palácio Guanabara para fazer suas cobranças junto ao então Governador da cidade, Antônio de Pádua Chagas Freitas. E foi assim que nossa história se entrelaçou, um cabo da polícia militar do estado do Rio de Janeiro e uma recém formada professora de literatura que se casaram 5 meses após se conhecerem, quando ela havia sido presa por ele logo após atirar uma pedra no carro de um assessor do governador que adentrava as dependências da sede do governo. Desde então criou-se uma enorme cumplicidade entre eu e Amélia.


Nossa primeira filha nasceu 6 meses depois de termos casado, a chamamos de Mafalda, em homenagem a avó de Amélia que estava com uma idade muito avançada. Só depois de 7 anos do nascimento de Mafalda é que resolvemos ter um novo filho, foi quando nasceu a Júlia.

A vida ao lado de Amélia sempre foi muito tranquila, nossa união nunca foi abalada por nenhuma intempérie da vida, jamais deixamos de nos olhar com o mesmo amor do inicio de nossa relação e mesmo agora que ela está com está doença, estamos ainda mais unidos;

Foi fazendo o exame de toque que Amélia descobriu que tinha um nódulo no seio direito, de inicio ela reagiu muito mal, achou que fosse perder a mama, e cogitou por várias vezes não lutar contra essa doença. Eu e Júlia tentamos de tudo para faze-la sair da depressão que caiu sobre ela, mas foi só quando Mafalda veio nos visitar nas férias de verão que Amélia finalmente resolveu se tratar. A retirada do nódulo foi um sucesso, o mama foi completamente preservada, o que foi muito favorável no período pós cirurgia, pois não alterou em nada o corpo de Amélia, e apesar dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia que ela ainda precisaria fazer, sua auto estima não foi a zero como pensava assim que soube da doença.

Durante todo o período de tratamento ela jamais pareceu ficar triste, nunca estava desanimada e ao contrário do que quase todas as pessoas que tem esse tipo de mal, ela jamais cogitou a hipótese de perder para o câncer. Todo o lento processo de quimioterapia acabou sem que tivesse deixado marcas, Amélia se divertia em usar diferentes tipos de lenços e turbantes na cabeça. E fazia com que todos em sua volta ficassem menos preocupados com seu estado de saúde. Mas era visível que ela estava frágil, seu corpo já não impunha mais a vitalidade que sobrara da juventude, as marcas da idades tornaram-se mais acentuadas, mais ela continuava linda como jamais deixaria de ser, nunca poderia olhar para minha eterna amada e vê-la de outra forma que não fosse a bela que conheci e me apaixonei.

Os médicos dizem que o estado dela é bom, e que a radioterapia esta sendo usada como forma de eliminar as células que podem ter sido afetadas, não sei bem ao certo, nunca fui bom com procedimentos médicos. O tratamento de radioterapia irá termina no próximo mês, e assim que ela estiver livre de tudo isso irei realizar um velho sonho nosso, a levarei para saltar de para quedas, apesar das muitas recriminações de minhas filhas.

Espero ainda ter tempo, e poder junto a ela viver emoções que nos faltaram, e tantas outras coisas que sempre imaginei passarmos juntos, nossos netos, bisnetos, uma enorme família reunida junta a mesa nos domingos. Não posso viver sem ela.

(Acreditar – Leonardo Kifer)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma estranha...

Um estranha surpreendentemente agradável surgiu em minha frente,
E de súbito ganhou para si minha atenção.
Eu não tive medo de ser eu,
Continuei a agir sem qualquer tipo de interpretação.

A estranha parece ter ganhado rosto,
E é bem certo que conquistou sem posto,
Se apresentou sem muito falar de si,
Foi ficando...
E agora já faz parti de mim.

(Poema a estranha - Leonardo kifer)

*Poema dedicado. Não leve ao pé da letra³.

Medo de chuva.

Algumas vezes a vontade de voltar atrás é tão grande que sinto minhas pernas tentando dar meia volta, mas é impossível mudar o que foi feito, olhar em frente é a única coisa que resta a fazer...
Tenho pensado na minha vida como um pássaro perdido, que voa sem saber para onde suas asas o leva, e não tem medo de onde possa parar...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Palavras coladas

Ás vezes a necessidade de escrever não completam frases inteiras,
Se perdem em rascunhos incompletos,
Que relatam minha incapacidade momentânea de transcrever meus anseios,
E me torna estético diante a todos os pensamentos que correm em mim.

O que muitos julgam como falta de inspiração,
A mim apenas parece dificuldade de juntar pensamentos soltos,
Momentos perdidos,
Por um ou outro motivo que passou.

E no jogo de palavras coladas,
Lêem-se solidão,
Completadas por muitos pedaços de amores possíveis,
E de nenhuma paixão.

É aí que entendo que não se esquece um passado com um presente ensaiado,
Não se foge de uma história sem antes escrever um fim
E quando percebo isso,
Abandono o velho lápis em cima do rascunho feito,
E corro atrás dos meus velhos amores,
E discretamente tento escrever FIM.

(Palavras coladas – Leonardo Kifer)

Não ser...

O que sou?
De fato eu não sei responder.
Não sou um ser estático,
Vou além da tradução da palavra “ser”.

Um mutante,
De asas alongadas,
Que não voa além dos sonhos,
E que vive na constante e fria solidão.

Uma água que passa pelo rio,
Na terra seca,
Respingada de chuva,
Na tempestade de contradições.

Um leste e oeste,
Cortado pelo norte e sul,
Um aventureiro,
Que nunca foi a lugar algum.

O vento parado,
Nas horas passadas,
Do dia que não chegou.

Um olhar atento,
Vivendo o despercebido,
No inconstante destino,
De que não vive em uma prisão.

Sou um “não ser”,
Formado por um amontoado de “acaso”,
Entrelaçado por passado e presente,
Uma linha continua,
Sem uma data certa de duração.

(Ser – Leonardo Kifer)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Esvaziando um pouco o saco de Hipocrisia

O que buscamos em um relacionamento? Parceria? Confiança mútua? Sexo? Amor? Ah! O amor... Enfim. São tantas as coisas que buscamos que acabamos esquecendo que mesmo se conseguirmos uma pessoa que responda todas as nossas perguntas, ainda falta o mais importante, ter alguém que saiba nos fazer rir, não como um bobo da corte com suas piadas infames, e sim alguém que com um jeito simples, nos tire gargalhadas inocentes, que nos torne seres mais apreensivos por tranqüilidade, que nos seja amigo sempre.

Ao que parece, hoje importa mais agradarmos um consenso geral e nos sentirmos aceitos, do que nos permitimos viver um romance com quem realmente poderia nos fazer feliz. Quantas não foram as vezes que deixamos passar a pessoa “certa” porque ela não era do jeito que nossos amigos gostam, ou que não era bonita aos olhos dos outros e tantos outros motivos banais? Vivemos a era da hipocrisia, onde as pessoas vivem lendo os rótulos colocados nos outros e o que elas mesmas colocam em si, esquecendo ou não se permitindo realizar suas vontades e seus desejos.

Precisamos de uma vez por todas tirar de nossas mentes que as coisas precisam ter um jeito “certo” para seguir e aceitarmos que tudo pode ser do nosso jeito, sem que tenhamos que ter a aprovação de uma sociedade que se abdica dos seus desejos, para poder julgar as vontades dos demais.

Enquanto beijarmos os rótulos, iremos cortar nossas oportunidades de realizações...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Amando Leila...

No inicio eram pequenos esquecimentos, datas, comemorativas, as chaves do carro que nunca lembrava aonde estavam. Mas depois as coisas foram se agravando, ela se esquecia de ter colocado o assado no forno, de fazer os pagamentos das contas do mês. Até que começou a esquecer de mim.

Leila estava com problemas. Eu sabia desde o inicio que esses esquecimentos não eram de cansaço como ela afirmara muitas vezes, mas ela se recusava a procurar uma ajuda médica, dizia estar bem.

As coisas ficaram sérias no dia em que Leila saíra de casa cedo para ir ao trabalho, e simplesmente desapareceu. Há encontramos três dias depois em um abrigo da prefeitura, completamente irreconhecível, vestia roupas largas e rasgadas, seus cabelos estavam desgrenhados. Nada lembrava a mulher elegante e impecavelmente bem vestida que ela era.

Leila não sabia seu nome, e também não sabia quem eu era, seus olhos refletiam medo, ela havia se tornado uma mulher sem lembranças.

Todo o caminho de volta para casa foi conduzido pelo silêncio, que raramente era interrompido por um inicio de pergunta que nunca se completava. Talvez ela quisesse perguntar para onde eu a estava levando, ou até mesmo quem eu era... Ao que parece jamais saberei qual seria a pergunta, a mulher agora sem passado, não demonstra confiança em ninguém.

Leila dormiu como uma criança desprovida de preocupações, eu não pude evitar ficar velando seu sono, e tentar buscar explicações para o porquê de tudo isso em nossas vidas.

Mal de Alzheimer, foi o que a médica diagnosticou. Uma doença degenerativa, segundo a Doutora. Uma forma comum para demência.

O chão pareceu se esfarelar por entre os dedos dos meus pés, todo o restante do mundo pareceu tão insignificante diante da doença de Leila... Eu me senti extremamente fraco e incapaz ao saber que nada poderia fazer para trazê-la de volta.

Em casa, fiquei olhando por horas para aquela mulher que por anos compartilhou sua vida junta a minha, traçando planos e sonhos.

Eu a amo. Amei por todo o tempo em que ficamos juntos, e agora me dói não saber como agir com essa nova mulher que veio assumir o vazio que Leila deixou quando desapareceu, preencher um espaço que nunca deveria ter ficado em branco.

Os dias foram passando, não havia mais Leila, somente ficou um rascunho da mulher que ela foi...

Eu aos poucos conquistava um olhar vazio, tudo era incompleto quando se tratava do que fazer com ela. Foi quando tomei uma decisão.

Resolvi deixar Leila em uma clínica, internada como uma doente mental, como alguém incapaz de cuidar de si.

Mas deixá-la foi bem mais complicado do que imaginei que fosse, me fez perceber que tudo havia acabado, era o fim de um casamento. O fim de uma história de amor interrompida pela inexplicável escolha da vida em condenar uma mulher sadia em um espectro de ser humano, sem condição de viver só.

Viver sem Leila me pareceu tão sufocante quanto vê-la em seu estado insano, por conta de sua doença que lhe tira as lembranças e lhe roubara sua identidade.

Hoje, meses depois de deixá-la, sinto que nunca a deixei de verdade. Visito-a todos os dias. E falo sozinho todas as vezes que ela se recusa a me receber.

Ainda não consegui apagar de mim o amor que a doença lhe tirou... Apenas a amo, ainda que só.

(Leila – Leonardo Kifer)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O texto do esquilo.

O menino,
Esconde no olhar o seu adulto,
Com seu jeito quieto,
Sua calma ludibriante,
Engana a todos com sua meiguice aparente,
Sua bondade momentânea.

A verdade dele,
Não sei...
Não conheço muitos que possam me contar,
Dele pouco sei dizer,
Apenas o que li no seu olhar.

Misterioso,
Ele usa pausas ao falar,
Muitos dizem que é cautela,
Eu penso que é medo de errar.

Quem é o menino,
Que tens voz de homem,
E tem facilidade de a todos encantar?

Quem é esse menino,
Que conheci calado,
E sem parecer ter medo,
Mostrou os olhos,
deixando-se revelar.

(O estranho – Leonardo Kifer)

Coisas de mulherzinha

Eu vi tudo,
Elas se beijaram quando não tinha ninguém por perto.
Não era um beijo inocente,
Ninguém estava fazendo uma descoberta.

Meninas se beijando,
Sob a lua molhada,
Numa noite de dezembro,
Muito perto da estrada.

Não achei diferente,
Na verdade não conseguiria diferenciar,
O que tem de diferente entre meninos e meninas
Na hora de se beijar.

Havia desejo,
De certo não lhe faltaram excitação,
Nenhuma delas ficou sem jeito,
Era tão natural a elas,
Que não pareciam temer discriminação.

Um novo olhar,
Para um novo beijo,
Dado do mesmo jeito,
Ente meninas,
Que não precisam de meninos para ter satisfação.

(Coisas de mulheres – Leonardo Kifer)

Reciclando os papéis.

Adeus saudades...
Foi o que eu disse quando o trem partiu.

Livre-me dela,
Caminhando sobre a terra que segurava o mar.
Sob o sol que não se pôs,
De um horizonte a encontrar.

Que vá embora o que chegou,
Deixando a solidão me encontrar.

Dos erros que ainda estão por vir,
Façam do riso um verdadeiro perdão,
Pois já comecei a ensaiá-los.

Papel rasgado na mão,
Comecem com os riscos
O que vai ser poemas,
Mesmo que não venham as rimas,
Ainda que não falem de paixão.

(Poema de papel picado – Leonardo Kifer)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Modificações

Amanhecer com chuva,
Em um outono enraivecido,
De um horizonte desenhado.
Numa cidade de bandidos,
Onde o frio já não existe,
Resta apenas o desarranjo das ruas.

Ao som de buzinas,
Nessa selva de pedra,
É que o dia começa,
Pra esse mundo de pressa.

Vinte e quatro horas de caos,
Um dia inteiro reclamando da vida,
Todos os dias iguais.

É preciso mudar,
Levantar do sofá,
Deixar de lado a TV,
Mostrar que pro mundo mudar,
É preciso se mexer.

Um basta na violência,
Um ponto final na corrupção,
Pro Brasil se desenvolver
E preciso educar a nação.

Começar de dentro para fora,
Modificar o errado em mim,
Exercer cidadania,
Sem alterar o inicio,
Mas mudar o fim.

(Sol da meia noite – Leonardo Kifer)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sem correntes

No fundo somos todos tolos.
Amamos os que não nos merecem.
E nos achamos superiores quando cobramos nosso amor.

Erramos quando achamos que somos Titãs,
E nos descobrimos fracos,
Na hora em que a força termina em lágrimas,
Por uma dor,
Que um coração machucado é capaz de causar.

Fingimos seguir em frente,
Mas estamos sempre andando em círculos,
Somos incoerentes,
Quando cedemos à paixão,
Ou quando dela não conseguimos fugir.

Revivemos momentos,
De risos e choros,
Em pensamentos que mantemos acessos,
Num fogo tão brando que se apaga ao sentir o mais fraco dos ventos.

É o inconstante sentimento que nos assombra,
E faz com que tenhamos medo de vivermos livres,
Nos fazendo achar esconderijos,
Num outro, que não é nossa paixão.

Amar é quase sempre ter coragem de arriscar,
Viver o inatingível,
Errar sem sequer ter pensado em acertar.
É o inadequado sentir,
Rasgando nosso peito,
Num compasso acelerado e sem ritimo
Um tal de Tum Tum Tum
Afirmando que amor vai além da paixão.

(Perdendo os medos – Leonardo Kifer)

A volta...

Foi estranha a forma em que Frida reapareceu.
Ela chegou como se nada tivesse acontecido,
Entrou em casa sem sequer me cumprimentar.
Não olhou em meus olhos.
Deixou as malas na sala e foi se deitar.

Eu ainda estava preso a perplexidade que tomava conta de sua volta.
Frida estava de ali, a um cômodo de mim.
Depois de meses ela retornara.
Inexplicavelmente ela respondeu minhas preces,
E voltou.

Ainda inerte a sua volta,
Não pude deixar de me prender ao fato de que a mulher que me abandonara no passado voltou,
E sequer me deu uma explicação.
Depois de meses de angústias, esperas,
Ela me devia isso,
Precisava me dar ao menos satisfação de seu sumiço.

Fui até Frida certo de obter dela todas as respostas para as minhas agonizantes perguntas,
Chamei por seu nome,
Mas ela pareceu não me escutar,
Quando ameacei chamá-la novamente,
Virou-se e olhou para mim.

Os olhos já não eram os mesmos de antes,
Já não impunham a altivez de outrora,
Frida estava chorando,
Seu rosto parecia ter envelhecido anos,
Estava fraca.

A mulher que estava na minha frente,
Era apenas uma sombra daquela que me deixou.

Deixei todas as minhas indagações de lado,
Abracei Frida como se ela nunca tivesse existido uma mágoa entre nós,
Não podia suportar a dor de vê-la sofrendo.

Ela olhou em meus olhos,
E de imediato entendi que era um pedido de perdão,
Eu sorri para ela,
Deixando claro de que a havia perdoado.

A saída de Frida aqui de casa,
Tornou-se apenas uma história,
De um dia que terminou.
Não lembramos, pois tudo passou.

Hoje o que importa é tê-la de volta,
Ao lado da nossa filha que acabou de nascer,
Dizemos a todos que foi prematura,
Pra ninguém da verdade nunca perceber.

(Voltando atrás – Leonardo Kifer)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ao esquilo...

Se o mundo fosses feito de momentos,
Meu mundo teria um outro olhar,
Não eram olhos de curiosidades,
Mas eles pareciam o mundo observar.

Uma águia,
Observando todos ao seu redor,
Não buscava uma presa,
Apenas um mundo melhor.

E o mistério que seus olhos refletiam,
Me roubaram para si,
E inesperadamente,
Eu a olhava inquieto,
Sem saber aonde iria.

E perdido nos olhos desconhecidos,
Me vi encantado com tamanha imensidão,
Olhos ricos,
De uma juventude em ascenção.

De volta ao meus olhos,
Enxerguei o mundo sem cor,
Não vi mais você,
E sem saber,
O mundo estranhamente parou.

(Seus olhos – Leonardo Kifer)

*Dedico o texto ao meu esquilo Joaquim.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O amor de Laura...

Eu não consigo me recordar quando foi à última vez que Laura sorriu para mim.
Há tempos ela tem agido de forma diferente, deixou de ser aquela mulher alegre e se tornou essa pessoa amarga que vive resmungando pelos cantos de casa, que passa as noites chorando, e parece nunca me ver, sempre passa a impressão de estar só.
Eu já tentei de tudo, mas nada fez com que Laura saísse da inércia que tornou a sua vida, tudo parece ter perdido o encanto, as cores pareciam desbotadas aos olhos daquela mulher sem aroma.
Olhar para Laura significava enxergar o vazio, e de imediato sentir um súbito desejo de chorar. Pena era a palavra que melhor a descrevia.
Mas hoje ao vê-la rir para mim, senti o velho cheiro de sarcasmo que emanava do já esquecido sorriso de Laura.
Amei Laura desde a primeira vez que a vi até o último instante ao seu lado, quando o “acaso” me tirou a carne e me trouxe às sombras.
E hoje que Laura se junta a mim por suas próprias mãos e não pelo inesperado desejo de morte que corre nas veias dos que matam por matar, como fizeram comigo, ela voltou a querer a desejar a vida no instante exato de ser recebida pela morte.
Contrário desejo é o amor, que encontra na morte a satisfação de se completar.

(Amor eterno – Leonardo Kifer)