quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O amor de Laura...

Eu não consigo me recordar quando foi à última vez que Laura sorriu para mim.
Há tempos ela tem agido de forma diferente, deixou de ser aquela mulher alegre e se tornou essa pessoa amarga que vive resmungando pelos cantos de casa, que passa as noites chorando, e parece nunca me ver, sempre passa a impressão de estar só.
Eu já tentei de tudo, mas nada fez com que Laura saísse da inércia que tornou a sua vida, tudo parece ter perdido o encanto, as cores pareciam desbotadas aos olhos daquela mulher sem aroma.
Olhar para Laura significava enxergar o vazio, e de imediato sentir um súbito desejo de chorar. Pena era a palavra que melhor a descrevia.
Mas hoje ao vê-la rir para mim, senti o velho cheiro de sarcasmo que emanava do já esquecido sorriso de Laura.
Amei Laura desde a primeira vez que a vi até o último instante ao seu lado, quando o “acaso” me tirou a carne e me trouxe às sombras.
E hoje que Laura se junta a mim por suas próprias mãos e não pelo inesperado desejo de morte que corre nas veias dos que matam por matar, como fizeram comigo, ela voltou a querer a desejar a vida no instante exato de ser recebida pela morte.
Contrário desejo é o amor, que encontra na morte a satisfação de se completar.

(Amor eterno – Leonardo Kifer)

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