quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A empada...



Acordei com uma vontade louca de comer a empadinha que minha mãe trouxe para mim da festa ontem na casa da vizinha. Levantei e fui direto para cozinha, abri a geladeira e lá estava ela, deliciosamente fria e murcha, inteirinha na primeira prateleira da geladeira... Peguei aquela iguaria e antes que pudesse dar a primeira mordida e a admirei, como se estivesse apreciando a última empada de camarão do mundo, mais neste momento escuto adentrar a minha casa uma indesejável visita, sim, Cida, a amiga da minha mãe que devora tudo que vê pela frente... Sem pensar duas vezes devolvi a empada para seu refúgio gelado e fechei rapidamente a geladeira, e fiquei por ali, caso fosse necessário impedir que alguém pudesse atacar a integridade física daquela inocente e suculenta empada.
Mas o destino vez ou outra parece conspirar contra minha pessoa, pois para meu azar a amiga da minha mãe foi sentar-se a mesa da cozinha, e resolveu “filar” o café da manhã, atitude esta que fez com que eu redobrasse minha vigilância e também me colocou na situação de ter que servir a Cida para que ela não levantasse Dalí para nada ou mesmo minha mãe servi-la querendo agradá-la e claro me desagradar, mesmo que sem intenção.
Fiquei por ali quase que toda a manhã, por que para meu completo desespero minha mãe acabou convidando sua amiga para ficar para o almoço, uma vez que a mesma não se levantava da mesa para nada, e logo o almoço já seria servido. Foi ali que tracei um novo plano, minha meta agora era fazer com que a Cida fosse sentar na sala enquanto esperaria pelo almoço, mais precisei logo abandonar esta estratégia, por que não tive sucesso em nenhuma das alternativas tentadas, ela não se levantou disse que ia aproveitar que já estava ali e iria ficar.
A hora do almoço já esta próxima e eu precisava comer minha empada antes que meu pai chegasse para almoçar, porque ele não iria resistir aquela gostosura dentro da geladeira....
Decidi então falar da empada com minha mãe para ver se a Cida iria se manifestar e se eu teria que cometer a insanidade de dividi-la com ela... Mas para meu mais cruel devaneio assim que comentei com minha mãe que iria comer a empada a tal Cida gritou (Isso mesmo, GRITOU) dizendo que queria um pedacinho, e uma segunda voz vinda do corredor emendou dizendo “Também quero!” era minha prima Thuanny, uma máquina de comer, me arrisco aqui a dizer que ela não tem estômago e sim um triturador de pia, destes que os americanos tem em suas casas.
Agora além da Cida eu tinha a Thuanny e lutava contra o tempo para que meu pai não comesse a empada assim que chegasse para o almoço.
Foi quando tomei a decisão de comer em uma única bocada a empada, na frente de todos mesmo, sem me importar com educação oferecendo as visitas um pedacinho, afinal empada é igual a biscoito goiabinha, não se divide!
Peguei a empada na geladeira e quando fui enfiá-la na boca eis que me desequilibro e a deixo cair, mesmo escutando todos dizer, “Bem feito, quem mandou se olho grande”, eu estava disposto a comer os pedaços cair no chão, mais foi quando a grande desgraça se deu, Morfeu entrou correndo e começou a comer a minha tão desejada empada de camarão deliciosamente murcha e fria. O Gato não se importou com a Cida, com a Thuanny, e nem olhou as horas pra ver se meu pai estava chegando, comeu tudo, e nem se deu o trabalho de olhar para mim, como se pudesse oferecer-me um pedaço.
(A Empada - Leonardo Kifer)

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