sábado, 10 de maio de 2008

Se for amor.


Era uma vez um poeta
Que julgava controlar a própria vida,
Que a comparava a um livro,
Em que ele se auto-proclamava autor.

Era como brincar de “Deus”,
Onde ele podia controlar quase tudo.

E quando a história não se dava como queria,
Ele escrevia uma saída,
E pela página seguinte fugia.

E por um bom tempo tudo parecia fácil,
Até que um dia surge uma nova visão...

E nela se via uma personagem desconhecida,
Que preenchia as novas linhas,
E a cada página mais espaço ela ganhava...
Foi assim até deixar de ser uma mera figurante,
E parte da história se tornar.

E sem autorização
Foi tornando-se co-autor do poeta solitário,
Intitulando capítulos em um livro de um autor que era egoísta.
Mas que aos poucos permitia,
Um olhar que não era o seu.

E assim surgiu uma nova parceria
Pura, sincera,
Livre de qualquer intenção...

Novas páginas surgiram,
E com elas o medo,
Não da incerteza das palavras,
E sim da certeza já descrita do fim.

Um fim anunciado desde o começo,
Rabiscado nas primeiras linhas,
Que a personagem não deixava o poeta esquecer...

E assim foram seguindo as novas páginas,
E o poeta sabia que não podia se entregar,
Mas fascinado por todas aquelas linhas,
Traiu-se em palavras,
E embriagado de desejo
Permitiu ao destino que escrevesse um trecho de seu livro.

Sempre ambicioso,
O destino que agora como autor reinava,
Uma peça resolveu pregar.


O beijo,
Um mundo,
Dois corpos...
A lua,
Um Mar.

E cumprido o trato,
O destino devolveu ao poeta sua pena,
Para sua vida de novo controlar...

Logo que nascia o sol dos amantes,
O destino voltou pra avisar,
Que o lindo conto de fadas,
Tinha que acabar.
Pois só havia sido escrito para durar aquela noite,
E único beijo da manhã,
Seria o de despedida,
Pois a personagem agora teria que está história deixar.

Chegada à hora,
O fim precisava ser escrito,
E em parágrafos sofridos
O poeta viu sua personagem partir,

Agora ele teria que voltar a rascunhar novas histórias,
Viver novas parcerias,
Escrever, escrever...

Entretanto o destino foi pego de surpresas,
Pois em sua “proeza”
Esqueceu de ver que em cima da mesa
Havia um amor rascunhado em páginas rabiscadas,
Um amor tão forte como nunca se viu.

Mas já era tarde,
A “brincadeira” do destino teve um preço caro,
Imortalizou um jovem há um eterno poeta,
E não permitiu a ele a chance de viver um grande amor.

E foi naquele dia
Que aquele que sempre escreveu sobre anjos,
Jurou amor eterno,
Um amor falado em outro idioma.
Um amor tão grande,
Que desafiou o tempo,
E nunca
se apagou.

Do destino,
Sobraram algumas lembranças...
Do poeta e da personagem,
Somente amor.


(Leonardo Kifer)


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