terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quem sabe um dia...


Ontem eu estava voltando para casa quando na minha frente vejo acontecer um acidente de trânsito, parei meu carro no acostamento e fui tentar socorrer as pessoas que ali estavam. Eram dois carros que haviam se chocado de frente talvez por conta da má visibilidade da pista, uma vez que era noite e estava chovendo muito forte naquela hora. Das três pessoas que estavam envolvidas no acidente só uma estava viva, as outras duas não suportaram a batida e morreram na hora. O homem gritava por socorro dentro de um dos automóveis, ele pedia para que eu socorresse sua esposa, mais eu não podia fazer nada, ela havia sido projetada para fora do carro e seu corpo encontrava-se estirado a mais ou menos uns 10 metros de onde ele estava junto com a outra vitima. Eu corri até ele na tentativa de ajudá-lo, mais ele estava preso as ferragens e parecia não se importar consigo, o que queria era ajuda para sua esposa. Eu liguei para os bombeiros e pedi socorro, e eles me pediram para não deixar a vitima adormecer, e que eu conversasse com ela até a ambulância chegar.Sentei ao lado do carro que estava de ponta a cabeça, e comecei a conversar com aquele homem, um senhor que lembrava muito meu avô. Expliquei a ele que sua esposa estava morta, ele na hora parou de gritar. Por alguns minutos ficamos em silêncio. Eu estava de cabeça baixa quando ele me perguntou meu nome. Eu disse que me chamava Leonardo, e antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa ele me pediu que eu prometesse a ele uma coisa. Como eu estava completamente nervoso com aquilo tudo eu prometi sem que soubesse antes do que se tratava. Ele olhou pra mim e por alguns instantes não disse nada, ficou ali me encarando como se quisesse realmente ter a certeza de que eu cumpriria tal promessa.E quando já estava ficando incomodado por estar sendo analisado pensei em romper o silêncio, mais antes que eu pudesse fazer ele começou a dizer: “Meu jovem, eu quero você escreva minha história e a compartilhe com outras pessoas”.Na hora eu tentei indagar querendo dizer que não bom com as palavras, mas ele me fez recordar a promessa que eu havia feito minutos antes dele pedir tal coisa.Ele morreu pouco depois de terminar de narrar sua historia, e quando finalmente o socorro chegou já era tarde demais, e eu já havia escutado o fim.Hoje estou aqui, para realizar o último pedido daquele senhor, cujo o nome eu só fiquei sabendo horas depois pela equipe que o retirou das ferragens...Há muitos anos atrás um jovem decide ir para o Rio de Janeiro, ele tinha apenas 16 anos de idade quando decidiu tentar a sorte na cidade grande, deixou para trás a família e se arriscou a conquistar tudo o que sempre sonhou. A chegada no Rio no foi fácil, o dinheiro que seus pais haviam lhe dado era muito pouco para ele se manter aqui, no máximo deu para pagar 3 dias de hospedagens em uma pensão simples e pode comer sem muita fartura em um barzinho próximo de onde estava hospedado. Mais decido a ficar ele não perdeu um minuto sequer de seu tempo, buscou emprego por vários lugares, até conseguir se contratado lavador de pratos de um restaurante em Botafogo, justamente no terceiro dia em que não teria mais o que comer e aonde dormir. E depois de contar sua historia para o gerente ainda conseguiu a regalia de poder fazer as refeições ali e também poder se instalar em um minúsculo quarto no fundo do restaurante. Feliz da vida por estar começando sua vida na cidade em que sempre sonhou morar este jovem do interior de Minas Gerais se dedicou ao máximo a ser um bom funcionário. Logo havia sido promovido a auxiliar de cozinha, e algum tempo depois a braço direito do Cheff da cozinha. Um dia o Cheff Pierre faltou e o Gerente sabendo que o jovem rapaz havia aprendido quase todos os pratos da casa pediu que ele substituísse por aquela noite o Cheff. E entre um prato e outro ele foi chamado para o salão do restaurante e levado a mesa de uma distinta família para que pudesse falar sobre o prato que acabara de servir. E foi ali que ele conheceu Antoniette Bittencourt uma linda jovem que jantava com sua família e que ele jurou que seria o grande amor de sua vida. A família da moça adorou o jantar e prometeu voltar mais vezes ao restaurante o que fazia com que seu coração pudesse bater aliviado sabendo que certamente veria outra vez a bela moça. E por mais duas vezes eles foram jantar naquele restaurante e como de costume por duas vezes ele foi chamado a mesa, agora ao lado de Pierre. Sem conseguir para de olhar a bela moça ele acabou despertando em Antoniette uma curiosidade de saber mais sobre o jovem Cheff de cozinha. Então um dia Antoniette surgi sozinha ao restaurante e pede que o Cheff auxiliar venha a mesa e fale sobre os pratos da noite, e para surpresa dele lá estava a bela moça, sozinha e a sua espera. Naquela noite Antoniette o esperou até o restaurante fechar e caminharam juntos conversando e se conhecendo melhor, ele a deixou na porta de sua casa que ficava bem próxima ao restaurante. E os dias foram passando e os passeios se tornando cada vez mais constantes e quando viram estavam apaixonados e começaram a namorar. E ficaram namorando escondido por quase um ano, até que o pai de Antoniette descobriu e proibiu o namoro de sua filha. Antoniette foi para um colégio interno em Petrópolis e por lá continuou escrevendo para seu amado que a esta altura havia sido promovido a Cheff da cozinha após a morte prematura de Pierre.O restaurante ficará ainda mais badalado, e as reservas precisavam ser feitas com bastante antecedência, correndo o risco de não conseguir fazê-la. Ele agora havia se tornado um renomado Cheff de cozinha, já estava ganhando muito bem, deixará o antigo quarto em que dormia no fundo do restaurante para morar em seu próprio apartamento no bairro do Flamengo vizinho ao que trabalhava. Foi quando decidiu ir até a casa do pai de Antoniette e pedir a mão de sua filha. Mais o pai de Antoniette ainda o julgava como um simples auxiliar de cozinha e o achava inferior demais para sua filha.Nas semanas seguintes não vieram mais cartas, e decidido a saber o que houve ele foi atrás de sua amada em Petrópolis e para sua decepção ela havia sido transferida de lá. Alucinado ele decidiu ir até a casa dos pais da moça, mais a casa estava sem ninguém.E foi assim que por mais de cinqüenta anos ele ficou sem ver a doce e bela Antoniette.Ele casou, não teve filhos e ficou viúvo alguns anos atrás. Ele sequer tinha noticias até pouco mais de seis meses atrás quando se reencontram na inauguração de seu mais novo restaurante agora no bairro do Leblon. E como da primeira vez que a viu ele novamente se apaixonou por aquela que ele nunca havia esquecido. Casaram-se semanas depois em uma cerimônia simples, apenas como convidados os filhos e netos de Antoniette que também era viúva.E foram felizes até o último minuto em que passaram juntos, foi a última coisa que ele me disse antes de morrer. Essa é a história de Camilo Botelho José Alvarenga.Acho que aprendi o verdadeiro significado do amor nessa noite em que vi um homem morrer.(Uma simples história de amor - Leonardo Kifer)

2 comentários:

  1. nusss....rs...
    Faz um sobre despedida?
    despedida, de algm que ama, mas por não ter mais forças pra sofrer desiste de continuar...
    :S
    beijos Léo Kifer ;)

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  2. Leo, linda a historia. So nao entendi uma coisa, foi real? Pq ta muito real!! Eh linda e triste e toca no coracao...Se foisua criacao- parabens! Mas se foi real, parabens por ter cumprido a promessa e eu sinto muito por vc ter vivenciado este triste, mas comovente acontecido. bjs

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