segunda-feira, 18 de agosto de 2008

No meu tempo de peraltices

Eita que bateu saudades da minha infância. Infância essa muito bem vivida e aproveitada, diga-se de passagem. Fui criança até onde a palavra e a idade me permitiu ser. Um guri muito arisco as ordens dos meus pais, um moleque bem “atentado e espoleta”.
Ainda lembro como se fosse hoje as brincadeiras no quintal da casa da minha avó Chica (Que hoje esta no céu olhando para os netos que tanto fizeram bagunça rs), como era divertido estar com todos os primos brincando de todas aquelas brincadeiras que parece não existir mais (Taco, Bandeirinha, Polícia e ladrão, mamãe quantos passos, bola de gude, golzinho, pique esconde, carniça, a de danha, e tantas outras). Aí que saudade do tempo que o sorriso era constante, que as lágrimas só surgiam quando nossas mães nos repreendiam por alguma peraltice inesperada ou porque já era a hora de terminar a brincadeira. Ainda me lembro da surra que tomei por sair com meus primos em uma “aventura” de bicicleta por todo o bairro (O Bairro parecia ser imenso, quase uma terra sem fim, hoje é apenas um pequeno bairro composto por mais de umas 15 ruas. Será que encolheram o bairro? Rs).
Sem contar o fato de que hoje em dia com doze ou treze anos um guri já esta namorando. Bah! No meu tempo (Olha que só tenho 24 anos), um guri para ficar com uma gurizinha tinha tanto trabalho que parecia mais estar se preparando para pedi-la em casamento do que pra ganhar um beijo dela. Precisávamos escrever cartinhas, ficar trocando olhares e sorrisinhos por vários dias seguidos, até tomar coragem de chegar e declarar todo o amor “eterno” para a amada. Era quase que uma batalha sem fim, os rostos coravam ao som dos outros meninos gritando: “Ta namorando, ta namorando!”.
Hoje em dia a infância parece estar entrando em falência. Os nenéns parecem nascer adolescentes, as brincadeiras de antes não agradam mais as novas crianças, o vídeo game, o computador reina quase absoluto, brincar com amigos só se for numa disputa em algum jogo que desafia a lógica ainda não formada destas crianças do presente. E infância é uma palavra cada vez menos dita entre a gente.
É uma pena ver olhar para essa meninada de hoje em dia e não vê-las se divertirem como muitos de nóis. Mais é a vida, não fomos criança como nossos pais que muitos precisaram trabalhar para ajudar no sustento de suas famílias. E com certeza nossas crianças não serão como um dia fomos felizes e livres.

Escrevi um poema bem simples para ilustrar o post de hoje.




No tempo das cartinhas sem versos e prosas.


No meu tempo de menino namorar não era coisa fácil não,
Para beijar uma menina antes precisava conquistar seu coração.

Hoje alguns anos se passaram,
E beijar uma menina não é mais nenhum problema não,
Não precisa conquistá-las e tão pouco ganhar seu coração.

Antes as cartinhas inocentes,
Com muitas rimas e pouquíssimas prosas,
Transformavam versos em olhares.

Hoje sem cartas,
Sem muitos olhares de conquista.
Sem muito ter que conquistar,
Não se tem mais um jeito menino de um beijo se ganhar.


(Leonardo Kifer)

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