terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lágrimas & palavras

É estranho como simples sensações ou gestos nos remetem a pessoas que nos marcaram, e nos lança em um enorme vazio chamado saudade.

Ontem, eu podia jurar sentir a presença da minha avó (eu sei que sempre estou falando dela aqui, mas é que a falta dela é imensa e por mais que fez ou outra adormeça sempre desperta em uma enorme tristeza, capaz de fazer chorar até o mais insensível dos homens). Era tão real tê-la presente que eu podia tocar no seu velho perfume, que se espalhava na medida em que as lágrimas roçavam meus olhos.

Ah! Como faz falta minha velha de cabelos brancos e “cara amarrada”, que tinha o coração mais doce que um suspiro. Que era incapaz de pensar em si antes de todos os seus filhos e netos. Minha “gostosa”, avó amada, que me enganou e se foi, antes de cumprir a promessa que fez há mim algumas semanas antes de morrer. Velha do cachimbo, do fumo de rolo, do jogo do bicho, e de tudo que era simples e bobo, por que se foi e levou consigo um pedaço de cada um que a conheceu, e deixou muito da senhora em todos nós.

Palavras e lágrimas se misturam sempre que penso em você. A voz embarga, e vem aquele friozinho que da em quem precisa de um abraço, de um simples abraço, que parece que ninguém além de você é capaz de dar. Coisas de avós.

(Coisas de avós – Leonardo Kifer)

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