terça-feira, 2 de setembro de 2008

I-z-a-u-r-a.


Tenho certeza de que não foi à toa que ela apareceu na minha vida em meados de maio, com aquele sorriso que de “cara” me encantou. Ta bom, eu assumo, nem sempre tudo foi perfeito, teve um ou outro momento (esse outro posso dizer que foi longo e se repetiu algumas vezes) que as coisas não saíram às mil e uma maravilhas, mas tudo bem, não queria viver em um “ninho” de felicidade (até pq. isso deve ser chato pra caramba e também não existem aquelas transas maravilhosas que só acontece depois das reconciliações).
Mas ela partiu e me deixou sem sequer me dar uma explicação... E olha que já me perguntei o porquê desta loucura e várias vezes cogitei os motivos que a levaram tomar esta decisão (cheguei a aceitar a possibilidade de ela ter me trocado por um outro cara, um exemplar mais novo e sarado), mas até hoje me cobro por não ter uma resposta (será que foi o cara mais novo e sarado?).
Todos os dias eu acordava e dizia: “Hoje eu tiro a maldita da Izaura da minha vida” (Não sei por que eu dizia isso todas as manhãs, por que é certo de que não ajudaria em nada, mas era como um antibiótico que poderia acabar com a minha gripe “Izaurática”), de nada adiantava eu repetir aquela frase, pois tudo que eu fazia me trazia a danada da Izaura em lembranças.
Os meses foram passando e as lembranças ainda me atormentavam, foi quando eu decidi descobri o paradeiro da Izaura.
Tracei um plano em que o único objetivo seria o de localizar a tal e fazê-la revelar os motivos que a fizeram a abandonar-me (será que foi o cara mais novo e sarado?), o que eu iria fazer depois de encontrá-la não me interessava, o importante agora era descobrir a onde estava esta mulher que desgraçou minha vida.
A primeira coisa que pensei foi procurá-la na antiga vila em que era morava na época em que nos conhecemos, mas foi em vão, ninguém sabia nada sobre o paradeiro dela e sequer sabiam que ela havia desaparecido.
Procurei por diversos lugares em que nós freqüentávamos juntos, e em nenhum deles eu descobri qualquer pista que pudesse me levar ao encontro de Izaura.
Semanas rapidamente viraram meses e nenhum resultado de minhas buscas, nada me informava onde eu podia achá-la. A situação estava tão desesperadora que fui atrás de uma ajuda, mas não de um detetive e sim de um psicólogo, pois eu já estava começando a pirar com tamanha falta de informações.
I - z-a-u-r-a!
Putz! Esse nome deve a combinação de dois outros nomes: Ilza e Aurea. Espera aí, quem foi o desgraçado que juntou esses nomes?
Não sei o que meu psicólogo sentia nesta hora, mais a cara que ele estava fazendo enquanto eu relatava minha possível descoberta não era das melhores, mas prossegui mesmo assim.
Minha seção de terapia não foi uma das melhores, eu acho que meu terapeuta desistiu de me atender, desmarcou todas as consultas futuras por conta de uma viagem inesperada (Será que ele é pai do cara mais novo e sarado?).
Enfim, a busca por Izaura já estava quase no fim, eu já nem tinha mais esperanças, quando recebi uma ligação. Um amigo meu lá de Cabobózinho do norte, uma cidade tão longe que nem esta no mapa. Ela me contou que soube de uma tal de Izaura que tinha as mesmas características que eu havia informado.
Pois bem, arrumei a mala e partir de imediato em busca da tal Izaura. Peguei um ônibus (Umas seis ou sete horas de viagem), depois fui de Jipe por mais três horas, duas horas de barco por um rio “medonho” e trinta minutos depois de caminhada, lá estava eu em Cabobózinho do Norte atrás da mulher que mudou minha vida.
Acho que preciso dizer que fui lá à toa, por que este meu amigo confundiu os nomes e o que encontrou por lá foi uma Laura e não Izaura.
Voltei pro Rio com a certeza de que jamais a encontraria, mas tamanha foi à surpresa de encontrá-la logo em frente ao meu prédio, surpresa maior ainda foi quando soube que estava a minha procura.
Meu coração quase pulou, já nem lembrava mais de que fui abandonado e que passei os últimos meses atrás desta linda mulher, eu mal conseguia respirar e sequer dizer algo, olhava pra ela como da primeira vez, realmente eu tinha certeza de que ela era a mulher da minha vida, até que saí do carro um cara de uns vinte e cinco anos, saradão, boa pinta. Acordei um dia depois no hospital com um braço quebrado, um olho roxo e com um bilhete ao lado da minha cama dizendo: “Não espalhe mais fotos procurando a Izaura pela cidade”.
Foi ali que eu tive a certeza de que ela me trocou por um cara mais novo e sarado.


(Izaura - Leonardo Kifer)

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